Cercado
Com
o fim da primeira guerra mundial em 1918 a economia europeia se desestruturou os estoque de borracha acumulados fizeram cair o preço do látex, diante disso no ano de 1923 a Inglaterra impôs o plano Stevenson limitando a cota de
produção forçando o aumento do preço da borracha para os consumidores no
mercado internacional. Em 1929 os EUA consumia 475 mil toneladas de látex, que
estavam no controle da Inglaterra e Holanda. Para fugir do monopólio inglês o
empresário norte Americano Henry Ford idealizou o projeto para instalar a
Companhia Ford na Amazônia e produzir borracha para utilizar na fabrica de automóveis,
levando em consideração alguns fatores favoraveis como por exemplo: solo fértil, mão de obra Barata, e
também sabia que as sementes que deram origem aos seringais Asiáticos foram
contrabandeadas da Amazônia.
O
projeto foi iniciado na Fordlândia, portanto entrou em decadência, sendo
continuado Belterra.
Belterra foi fundada em 04 de maio de 1934, a CFIB implantou em Belterra, um sistema de produção baseado nos moldes assalariados tendo como referencia o sistema Fordista de produção. Belterra foi construída no modelo de uma pequena cidade do EUA.
Construções:
Em Belterra foram instaladas duas caixas d´agua, 10 hidrantes, mais de 300 casas foram construídas com serviço de água e energia elétrica, três escolas, creches, hospital, clube,cinema,hotel,restaurante,estabelecimentos comerciais, uma casa de farinha ,um açougue, vila americana, vila mensalista, vila operaria vila timbó, vila viveiro I,viveiroII viveiro III e um cercado com (oficinas de marcenaria, carpintaria, funilaria, garagem e mecânica, posto de alistamento, comissária, gerador de energia ,fabrica de gelo e ao lado a UBL.
Os mecânicos, eletricistas, torneiros e marceneiros, que trabalhavam no cercado, iniciavam seu trabalho às 7 horas e tinham uma hora para almoçar e retornar ao trabalho, O segundo período se estendia ate 16 horas.Os trabalhadores da operação e manutenção dos variados equipamento eram todos treinados pela CFIB. Todo aperfeiçoamento do treinamento e promoções eram realizadas pelo destaque do trabalhador. Eles tinham funcionários que poderiam a ser qualificados como trabalhadores de gabinete em quaisquer lojas nos Estados unidos por serem tão eficientes.
Marcenaria: No
local trabalhavam com a madeira em tábuas, chapas, painéis e seus acabamentos,
seja com verniz, seja com revestimentos sintéticos e sua variedade de
possibilidades.
Carpintaria: No local o carpinteiro trabalhava com madeiras naturais em peças instalavam e ajustavam esquadrias de madeira e outras peças tais como: janelas, portas, escadas, rodapés, divisórias, forros Reparavam elementos de madeira, substituir total ou parcialmente, peças desajustadas ou deterioradas ou fixando partes soltas.
Mecânica: Local
onde funcionava a oficina mecânica geral serviços de manutenção e reparo,
incluindo troca de óleo, balanceamento de rodas, troca de pneus, diagnóstico de
problemas elétricos e mecânicos, além de reparos em suspensão, freios e
direção.
No período pós Companhia Ford no mesmo local funcionou a COMPANHIA BRASILEIRA DE ALIMENTOS- COBAL-Criada pelo governo federal a COBAL chegava a BELTERRA para substituir a velha comissária, trazendo bons momentos no inicio dos anos 70.Quase todos os gêneros alimentícios consumidos em Belterra eram vendidos pelo posto da Companhia Brasileira de Alimentos COBAL o qual entregava para qualquer seringueiro o produto que ele quisesse, com o pagamento efetuado no fim do mês descontado na folha de pagamento.
Casa de força e luz e fabrica de gelo
Belterra possuía uma Casa de Força localizada dentro do cercado na Estrada um em frente à Praça Brasil.
Na época da Companhia Ford, o maquinário de energia era equipado com dois geradores de três fases: 90 km - 2.400 volts - 60 rotações - e cada um era dirigido por um motor 140 HP Diesel. Suas voltagens eram transformadas em 440 volts para atender toda iluminação e consumo da Vila. Na casa de força também existia uma fabrica de gelo.
Fábrica de gelo com capacidade de uma tonelada por dia, o gelo era fornecido aos empregados pela metade do preço.
Praça Brasil: Na Praça Brasil existia um campo de golfe onde os Americanos jogavam golfe; no domingo os norte americanos chegavam em seus carros trajando roupa branca e chapéu e jogavam golfe até a tarde. Essas atividades eram somente para os norte americanos, pois fazia parte do habito cultural deles, o trabalhadores da companhia somente assistiam de longe.
UBL (USINA DE BENEFICIAMENTO DE LÁTEX). Funcionou no local onde funciona o CRAS atualmente.Nesse local era feito o beneficiamento da borracha.O látex natural era extraído da seringueira e depois de 3 a 4 horas de sangria era feita a sua coleta: o látex era retirado das canecas e colocado em um recipiente, no momento da coleta era adicionado o anticoagulante (Amônia ou santo bryt) para que o látex permanecesse em estado líquido.Após o procedimento o látex era levado para a UBL, ao chegar possuía uma concentração aproximada de 30% a 35% de borracha, onde após seu beneficiamento em centrífugas passava a ter uma concentração de 60% de borracha, 38% de água é 2% de outros.O látex centrifugado precisava ter 60% de concentração de borracha, assim tornava-se um material com excelente propriedade vulcanizante, alta resistência e alta elasticidade.Em uma conversa com CHARDIVAL MOURA PANTOJA. (Nascido e criado em Belterra, foi funcionário do Ministério da Agricultura e atuou na Usina de beneficiamento de látex).Chardival contou: “Trabalhei na UBL (Usina de Beneficiamento de Látex) no período em que Belterra foi administrada pelo ministério da agricultura, iniciei minhas atividades no ano de 1957 lembro que as máquinas eram pesadas, eram 4 máquinas onde era feito o beneficiamento de látex , o leite de seringa era batido nas máquinas, após esse procedimento era levado para o laboratório para detectar se tinha 60 % de teor de borracha ".Segundo os relatos de Chardival, somente após ser feita a análise do látex e comprovado os 60% de borracha, poderia ser embalado e levado para o mercado externo. Portanto se não fosse comprovado os 60% de borracha o látex não podia ser vendido e voltava novamente para UBL onde era refeito o procedimento.Em 1987 a UBL foi terceirizada, sendo arrendada, à Látex Pastore Júnior Indústria e Comércio Ltda., representada pelo senhor Floriano Pastore Jr.A cessão, que proporcionou a retomada do funcionamento da usina, teve curta duração. Pois, em decorrência da falência (produtiva) do seringal e da ausência de uma efetiva fiscalização à execução do contrato por parte do próprio Ministério da Agricultura e/ou da prefeitura municipal de Santarém, a UBL parou de funcionar.
Autora :Historiadora Telminha Lopes(Professora Telma Pereira lopes).
REFERÊNCIAS:
AMORIM, Terezinha dos Santos "A Dominação norte-americana
Tapajós", Thiagão .Santarém 1995 .
PANTOJA,Chardival Moura,filho de seringueiro da companhia Ford.Ex-funcionário da UBL no período pós companhia Ford -entrevista.
Santos Oti Belterra sua história.
imagens:
Odenildo Brito_Belterra vista de cima
Imagens da Internet.
Acervo pessoal da Historiadora Telminha.
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