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quinta-feira, 28 de setembro de 2023

DIFERENÇAS ENTRE O SISTEMA DE TRABALHO DO SERINGUEIRO FUNCIONÁRIO DA COMPANHIA FORD EM BELTERRA, E DO SERINGUEIRO QUE ATUOU NOS SERINGAIS AMAZÔNICOS NOS TEMPOS AURIOS DA BORRACHA. 








 O SERINGUEIRO NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMPANHIA FORD EM BELTERRA: 


Em Belterra a classe trabalhista dos seringueiros era composta por pessoas oriundas da região Amazônica e também por migrantes nordestinos. Vieram para Belterra caboclos das proximidades do Rio Tapajós ,Arapiuns, Amazonas ,Lago grande,e de lugares mais distantes da Amazônia,Rio guapo,xingu,Madeira,Acre e Solimões.Porem a maioria dos seringueiros eram migrantes nordestinos,vindos do Maranhão,Ceará,Pernambuco,Alagoas e outros estados.Os moradores locais apelidavam os nordestinos de "arigo,"arigó é uma espécie de ave da região nordestina que no tempo da seca se muda para outros lugares em busca de água. Por esse motivo eles comparavam os nordestinos que haviam migrado para Belterra em busca de melhores condições com a mudanca que ave "arigó fazia". A companhia Ford em Belterra era vista como uma oportunidade de trabalho e melhores condições financeiras para muitas pessoas que deixaram seus locais de origem e vieram trabalhar no projeto de Ford.


CONTRATO TRABALHISTA

 DO SERINGUEIRO EM BELTERRA:


O candidato a função de seringueirio precisava fazer uma entrevista,Após a entrevista caso estivesse apto precisava assinar o registro de empregado (tamanho 15x10),em papel timbrado,nele constava todos os dados pessoais do empregado,além de outras perguntas sobre:alfabetização,empregos anteriores,salário inicial, informação sobre as atividades a serem realizadas e uma autorização a companhia a fazer descontos no salário de qualquer importância devida.O seringueiro da companhia Ford recebia uma chapa de alumínio no dia de sua contratação com as siglas da companhia, pelo qual o funcionário pagava a importância de “dez mil réis “ ,que se tornava imediatamente seu número de ordem e identificação em qualquer ocasião.Após o contrato o seringueiro passava a ser identificado pelo número que constava na chapa, devido as condições de um sistema de trabalho completamente diferente dos costumes sociais da região, onde o objetivo da Companhia Ford era ajustar a força de trabalho regional às exigências rígidas da moderna produção industrial capitalista .Era por meio dessa chapa que a companhia controlava as faltas para descontos posteriores,pagamento de férias,licenças, quando faltava algum instrumento de trabalho, o seringueiro tinha o valor do mesmo descontado no seu pagamento de acordo com o preço do objeto, conforme a autorização assinada no momento do contrato,o seringueiro recebia três chapas'sendo uma chapa branca e quatro amarelas,a chapa branca servia para identificar o funcionário, e as amarelas o material que ele precisava utilizar.


MORADIA DO SERINGUEIRO:

 A maioria dos seringueiros também conhecidos como trabalhadores do campo moravam em casas simples, cobertas de palhas e piso de chão batido.


ROTINA DO SERINGUEIRO :


A jornada de trabalho do seringueiro começava cedo quando a potente sirene era acionada,a rotina de trabalho era cansativa, o primeiro apito da sirene da caixa d'água tocava às 5 horas e 30 minutos para que o seringueiro acordasse e se dirigisse ao seringal.

O seringueiro extraia o látex natural da seringueira fazendo corte com uma faca no caule da seringueira e depois de 3 a 4 horas de sangria era feita a sua coleta: o látex era retirado das tigelinhas e colocado em um balde de zinco galvanizado com capacidade de 10 a 20 litros no momento da coleta era adicionado o anticoagulante (Amônia ou santo bryt) para que o látex permanecesse em estado líquido e não apodrecese .Após o procedimento precisava carregar nos ombros diariamente o produto do trabalho para o depósito ,o látex era levado para o posto de coleta UBL(USINA DE beneficiamento de látex. o Seringueiro geralmente cumpria 8 horas de trabalho por dia e no sábado meio expediente a diária do trabalho do seringueiro era 10.000 cruzeiros por dia .Sendo que o pagamento era feito por quinzena.


EQUIPAMENTOS DO SERINGUEIRO 


Equipamentos do seringueiro eram: uma faca (específica para o corte), uma garrafa com amônia (produto químico colocado nas tigelas para evitar a coagulação e o apodrecimento do leite), um lenço de pano para a limpeza das tigelas, dois baldes de zinco galvanizado com capacidade para 10 ou 20 litros e um cambão (pequena peça de madeira de 1,30m com ganchos nas duas pontas para facilitar o transporte dos baldes).

 


DIFERENÇAS ENTRE O SERINGUEIRO FUNCIONÁRIO DA COMPANHIA FORD EM BELTERRA E O SERINGUEIRO QUE ATUOU NOS SERINGAIS AMAZÔNICOS NOS TEMPOS AURIOS DA BORRACHA. 


Os seringueiros que atuaram nos seringais Amazônicos no primeiro ciclo da borracha período considerado como "boom da borracha" no final do século XIX e início do século XX,eram explorados pelo seringalistas, as relações de produção estavam vinculadas o sistema de aviamento que criava obrigações quase servis entre Seringueiros e seringalistas,diferente dos seringueiros que atuaram no projeto de Ford em Belterra,que não eram vinculados ao sistema de aviamento, possuiam contrato trabalhista e eram assalariados,a companhia implantou em Belterra um sistema de produção baseado na força de trabalho assalariado, tendo como referência o sistema fordista de produção. 

Autora :Historiadora Telminha Lopes(Professora Telma Pereira lopes).


REFERÊNCIAS:

AMORIM, Terezinha dos Santos" A Dominação norte-americana Tapajós", Thiagão .Santarém 1995 .

PANTOJA,Chardival Moura,filho de seringueiro da companhia Ford.Ex-funcionário da UBL no período pós companhia-entrevista realizada no ano de 2019.



quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Hino de Belterra

O Hino  Municipal de Belterra é da autoria de Chardival Moura Pantoja e a música foi feita por Maestro Wilson Fonseca.A letra do Hino é um poema de exaltação à história de Belterra narrando a  origem de Belterra  e cultura de sua gente,destacando os aspectos  históricos e geográficos do municipio.O senhor Chardival fez parte do comitê de emancipação de Belterra, é Filho de seringueiro,funcionário aposentado do Ministério da agricultura em Belterra,poeta   e grande conhecedor da história  de Beltera.A letra do Hino de Belterra foi encomendada pelos colegas de Chardival que faziam parte do comitê de emancipação de Belterra.Os mesmos solicitaram a  a composição,e em três dias ele escreveu a letra do Hino de Belterra.



I

Bela terra tão cheia de glória

Namorada por outra nação

Foi assim que surgiste pra história

De conquistas, de luta e ambição

Em que o homem até hoje se aferra

Nesta luz de esplendor tão fugaz.

És Belterra, bendita Belterra!

Inspirada na crença da paz.


Refrão


Tua planície e o infinito confrontam

E eu contemplo a dizer aos olhos meus:

Céu e terra aqui mesmo se encontram

Num abraço do homem com Deus!


II


Natureza bem pródiga e bela

Solo fértil e homem viril

Bem fadada na tua aquarela

Colorindo a Amazônia, o Brasil

O ar puro que sopra na serra

E que dá ao teu filho o vigor

Deu-me o som deste canto, Belterra,

Inspirada na crença do amor.


III


Salutar é tua gente que ama

E que quer ver amado o país

É a força em verdade que emana

Construindo uma raça feliz.

Cada ação é a razão que encerra

Toda força de um povo que quer

Tua glória e grandeza, Belterra

Inspirada na crença e na fé!

***@Historiadora Telminha Lopes ***Professora Telma Lopes


Fontes Bibliograficas:

PANTOJA  Chardial Moura entrevista. Belterra 2019.

SANTOS  Oti Santos _Belterra  a sua História .


sexta-feira, 8 de setembro de 2023

EMANCIPAÇÃO DE BELTERRA





Você conhece a História da emancipação de Belterra?


No dia 28 de dezembro de 1995 Belterra foi emancipada

Em 1980, no século que passou, Belterra era ainda um órgão vinculado à Delegacia Estadual do Ministério da Agricultura – SEMA-Pará, administração direta do Governo Federal. A delegacia com sede em Belém, tinha seu diretor nomeado através de Ato da Presidência da República.

Naquela época, o governo militar nomeou para delegado o engenheiro Agrônomo, Walmir Hugo dos Santos, um dos mais sensatos administradores que Belterra conheceu, e quem muito trabalhou para resgatar o patrimônio histórico deixado pela Companhia Ford Industrial do Brasil, um projeto gigante para produzir borracha e que se encontrava em decadência.

Dr. Walmir, apoiado pelo Coronel J. Passarinho, trouxe para Belterra a energia da Hidrelétrica de Curuá-Una, resgatou logradouros, escreveu livro sobre nossa história e foi ele que em seus relatórios encaminhados ao Ministério da Agricultura, sugeria a emancipação como melhor destino para Belterra e Fordlândia. Na teoria, portanto, credita-se, a bem da verdade, ao Dr. Walmir a ideia primeira da nossa emancipação.

O lado prático da questão em lutarmos para tomar Belterra em município surgiu em um encontro casual entre o Sr. Virgílio Viana, engenheiro Florestal que pertenceu ao quadro da EMBRAPA, sua esposa Lilian e ao ex-administrador de Belterra, na década de 70, funcionário público Chardival Pantoja, que em 1985 retornava de Rondônia para exercer novamente em Belterra suas atividades funcionais.

Nesse encontro, Dr. Virgílio expos a ideia de juntarmos as pessoas que exerciam lideranças ou tivessem posições de destaque na sociedade, para reunirmos, discutimos e descobrir meios de melhor destinação à Vila de Belterra. Isso foi feito, e na primeira reunião que aconteceu no Ginásio Santo Antonio, estavam presentes: Dr. Virgílio Viana Dra. Lilian, Chardival Pantoja, Sr. João Rocha, Sr. Gualberto (Dandão-falecido), Sr. Jorge Chagas, Sr. José Carlos (empresário), Sr. Diogo Franco, professoras Maria Lira, Creusa Reis, Conceição Melo, Sr. Domingos dos Anjos (tabelião), Irmã Maria Inês.

Entre as diversas opções apresentadas e apreciadas pelo grupo obteve consenso a ideia de emancipação. E então o grupo foi dividido em dois segmentos: um para estudar a viabilidade jurídica e outro para proceder a divulgação da ideia e articulação política. Neste caso, ficou acertado que o grupo de divulgação constaria dos seguintes nomes: Sr. Virgílio Viana, Lilian, Diogo, Chardival, Jorge Chagas, José Carlos, João Gualberto. Na oportunidade criou-se o jornal “O Momento”, com a finalidade precípua de comunicação sobre o nosso movimento de independência. 

Também ficou determinado que o Sr. Domingos dos Anjos seria o articulador politico do movimento, por ter ele um bom relacionamento com o então Deputado Estadual Oti Santos, a quem caberia orientar os procedimentos e apresentar na Assembleia do Estado o processo pleiteando a vontade popular de Belterra.

Prevendo as possíveis mudanças que viriam, os seringueiros arrendatários iniciaram também um movimento através da Cooperativa Mista dos Seringueiros do Tapajós Ltda – COMSETAL, tentando junto ao Ministério da Agricultura o reconhecimento dos Direitos Trabalhistas a que julgavam ser justo. Este movimento levou à Brasília os senhores: Fernando Alves da Silva, então presidente da COMSETAL, Raimundo Alves (relojeiro), Arivaldo Queirós, presidente do Conselho Comunitário de Belterra, e Chardival Pantoja, do jornal “O Momento”. As passagens aéreas para Brasília foram cedidas pelos empresários Francisco Coimbra, Floriano Pastore, e o deputado Paulo Roberto Matos. O apoio logístico em Brasília coube ao Dr. Davi Paz Sarmento, Engenheiro Agrônomo, belterrense, radicado na capital federal. Esta equipe a qual se juntaram o Deputado Paulo Roberto e o empresário Floriano pastore, passou três dias em Brasília (31/08, 01 e 02/09 de 1987) discutindo além das questões dos seringueiros, também outras questões com o Ministério Interino da Agricultura Senador Lázaro Barbosa, o qual após nos ouvir e sentir nossas preocupações declarou-se ser de interesse do Ministério emancipar as Bases Físicas de M.A. de Belterra e Fordlândia. Orientou-nos o Ministro, para que apresentássemos nossas reivindicações acompanhadas do apoio de um representante da Câmara municipal de Santarém e um Deputado de Assembleia Estadual, sugestão que nos ocorreu lembrar do vereador Renato Sussuarana e o Dep. Oti Santos, respectivamente. Aliás, o deputado Oti já havia sido integrado ao movimento emancipatório quando iniciamos as reuniões de definição do caso.

O Presidente do Conselho Comunitário de Belterra, Arivaldo Queirós, omitiu-se, não tomou nenhuma iniciativa a respeito do caso tratado em Brasília e o movimento patinou durante o ano de 1988.

Mesmo assim, alguns colegas do grupo insistiram na articulação política, pois a essa altura já tínhamos a consciência de que este seria o único caminho viável às nossas pretensões.

Em 1989, o Deputado Oti Santos, através do Projeto de Lei Nº 106/89, apresentou o processo que objetivava a emancipação de Belterra, mas por se achar em final de mandato e não ter sido reeleito, o processo sofreu arquivamento, após ter percorrido várias instâncias legais.

Nesse intervalo de três anos do arquivamento do processo, diversas pessoas ligadas ao movimento foram para outras cidades, o grupo se desintegrou, o Jornal saiu de circulação e parecia estarmos fadados a amargar uma grande derrota. Mas a disposição do deputado Wandenkolk foi marcante e incentivou-nos a formar um novo grupo, que foi denominado Comitê Pró-Emancipação de Belterra, o qual teve como presidente o Sr. Chardival Pantoja, e que recebeu o grande apoio do Deputado Wilmar Freire. O Comitê, além das articulações junto aos políticos da área, também se encarregou de divulgar diretamente, em todas as comunidades envolvidas, a importância da emancipação e os benefícios que iriamos obter ao gerirmos nossos destinos. As reuniões eram constantes e o Comitê ainda tomou a iniciativa de fazer uma completa divulgação do movimento através da imprensa falada, escrita e televisionada de Santarém, onde as entrevistas foram marcantes. Wilmar Freire merece um lugar de honra no quadro dos que se dedicaram e lutaram em favor da nossa causa, impedindo a abstração do andamento do processo feito por alguns deputados da época como o Sr. Benedito Guimarães e Geraldo Pastana.

No inicio dos anos 90, o prefeito Rui Corrêa ensaiou um projeto ao Ministério da Agricultura, que previa um recurso de 12 milhões de dólares, condições exigidas para atrelar Belterra ao Município de Santarém. A imprensa propagou a noticia e voltou a inquietar os brios dos belterrenses.

Criamos um abaixo-assinado com assinaturas de 165 eleitores e, em Belém, contamos com a amizade do Dr. Henrique Pimentel, o que articulou com o Deputado Wandenkolk Gonçalves para que o processo de emancipação que havia sido arquivado fosse desentranhado e autorizado a prosseguir nos caminhos cabíveis. O desarquivamento do processo foi apresentado ao Deputado Wandenkolk no dia 14/10/1991.

após nossas investidas através da mídia em Santarém, o prefeito Rui Corrêa marcou para um domingo, na sede do União, uma reunião entre ele, seus secretários e assessores e a comunidade de Belterra liderada pelo COMITÊ DE EMANCIPAÇÃO.

A reação do povo belterrense foi espetacular, motivadora e convincente. Parece que o prefeito desistiu do seu sonho, pois logo após, o Diário do Estado do Pará publicou no caderno 3, página 4, de uma segunda-feira 26 de junho de 1995, a resolução nº 523, do Tribunal Regional Eleitoral, a realização do plebiscito na área de Belterra para elevação à categoria de município, que aconteceu no dia 06/08/1995.

Por gratidão inscrevemos os nomes dos que merecem registro em nossa história. Deputado Nicías Ribeiro, incansável no sentido de convencer o governado Almir Gabriel que a emancipação seria melhor decisão a tomar, pois vinha ao encontro do sonho e do clamor da nossa gente e de sua autodeterminação. Ele fez questão de acompanhar a juíza responsável pela realização do plebiscito; Sra. Edith Pantoja, a quem se deve lisura do escrutínio e a histórica aclamação do resultado: “BELTERRA É O MAIS NOVO MUNICÍPIO DO ESTADO DO PARÁ DECIDIDO PELA VONTADE DO SEU POVO”.

O governador do estado, Dr. Almir Gabriel, aos vinte e oito dias de dezembro de 1995, sancionou a Lei Nº 5.928, presenteando o povo belterrense com a elevação da Vila das Seringueiras à categoria de Cidade, Belterra passou a ser independente do município de Santarém tendo uma lei municipal e símbolos municipais:Hino,brasão e bandeira.No ano seguinte ocorreu o primeiro pleito municipal e o primeiro prefeito Eleito foi Oti Santos.


FORMAÇÃO DO COMITÊ PRÓ-EMANCIPAÇÃO DE BELTERRA 


1. Chardival Moura Pantoja

2. João Moura Pantoja

3. Domingos dos Anjos

4. João Rocha

5. Pedro Emiliano

6. Edinaldo Nogueira (Est.8)

7. Professora Graça Maia (Est.8)

8. Gerson Oliveira (Vila 129)

9. Raimundo Almeida (Vila 129)

10. Francisca Evone (Est. 10)

11. Francisco Solano ( Pindobal)

12. Prof. Creusa Reis

13. Prof. Carmem Graça

14. Prof. Ruth Moreira

15. Osmar Pimentel

16. Prof. Josefa Borges

17. Prof. Maria de Lira

18. Frei Fabiano (Pároco de Belterra – Ig. Católica)

19. Raimundo Nonato da Silva (Chefe do Sist. de Água) N Memoria

20. Prof. Conceição Melo


Bibliografia: Relato escrito por Chardival Moura Pantoja.Pesquisa de campo realizada em 2019,por historiadora Telminha Lopes.#Professoratelmalopes.

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